Análise de Bleu

By anabelemreis

O filme começa com uma rápida contextualização da situação em que se encontra a protagonista Julie (Juliette Binoche). O seu marido (um famoso compositor) e filha são mortos num acidente de aviação.

O uso recorrente dos grandes planos para que nos possamos confrontar com o ponto de vista de Julie, acaba por ser uma estratégia usada pelos realizadores para que o espectador crie mais facilmente uma empatia com a personagem e experiência que ela está a passar. Assim, somos atraidos para o drama do protagonista numa através de um jogo de sedução potenciado pela sequência de grandes planos.

Desligada do mundo, apenas um pequeno ecrã de televisão a liga ao funeral da sua família. Num grande plano sobre o rosto de Julie, vemos uma lágrima a cair-lhe pela face que traduz de um modo directo a sua dor.
Na cena seguinte  é acordada em sobressalto quando se recorda da composição do marido (que ouvimos em estridente, tão sobressaltados como ela). Esta é a primeira vez que o seu rosto é banhado por uma luz azul que com os seus olhos petrificados traduz a turbulência e o choque interior da personagem.

De facto o universo estético e imagético do filme está intimamente de acordo com os monólogos interiores vividos pela personagem de Binoche. Embora aparente ter um comportamento apático e indiferente a tudo o que a rodeia, verificamos que isso é o exterior que cobre um conflito interno onde a personagem tenta desligar-se e libertar-se dos fantasmas do seu passado. Os silêncios, as pausas, os intervalos começam a revelar-se aos olhos do expectador como silêncios telepáticos de comunicação com a personagem e a sua dor.

A liberdade que Julie tanto faz por alcançar acaba por ser apenas aparente. Ela vive tão obcecada em libertar-se da memória do marido e da filha que só pensa neles e acaba por fazer tudo em função deles reforçando assim ainda mais os laços que os unem.

No final do filme, pela primeira vez ouvindo a peça musical do marido. A carta de S.Paulo aos Coríntios serve de letra para os coros da música que exaltam a necessidade que os humanos terão de devolver e dar o amor absoluto que Deus lhes deu.

Na cena final, Julie chora, com um leve sorriso, talvez denunciando uma possível paz com o seu passado.

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On the quick beginning of the film we are presented to the protagonist Julie (Juliette Binoche) which has just lost her husband (a great composer) and daughter in a tragic car accident.

Using continuously big close-ups so that we can get Julie’s point of view is a strategy often used by directors so that the spectator can feel closer to the character and her experience. So, we are attracted to her drama through a seduction game created by the sequences of these big close-ups.

Off from the world, only a small television screen turns she up to her family’s funeral. In a big close-up to his face, we see a tear falling that is a direct reflection of her pain.
In the next scene, she is suddenly woken when she remembers the musical composition of his husband (we hear it so out load that we are as surprised as she is). This is the first time her face has a blue reflection that with her petrified eyes shows her turbulence and interior shock.

In dee, the esthetic in the film is directly related with interior monologues of Binoche’s character. Although she appears to be off and indifferent from all that surrounds her, we can see that is only some cover she uses when she is trying to be released from her past-ghosts. The silences, the pause and the intermissions start to reveal themselves as an silence communication between Julie and the spectator.

Although she wants freedom so bad, she doesn’t get it. She lives so obsess in getting released from his husband and daughter memory that she can only think about them and ends up doing everything thinking in them enforcing the bounds that she has with them.

In the end of the film, we hear the musical composition of her husband. St.Paul’s Fist letter to Corints is what the choirs are saying, appealing to the necessity humans have to return the absolute love of god.

On the last scene, Julie cries with a small smile, perhaps showing a possible peace with her past.

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